domingo, 27 de janeiro de 2008

ROGÉRIO CENI, O PIOR GOLEIRO DO BRASIL

E NO MORUMBI...
O PIOR GOLEIRO DO BRASIL
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O Rogério Ceni, quase goleiro do São Paulo, mais uma vez pagou mico fingindo que sabe agarrar. Hoje, contra o Corinthians, correu atrás da bola que nem menina procurando borboleta, deu um gol para o Finazzi e outro para o Lulinha, que não sabem receber presentes. Mas ele não teve uma atuação ruim, pegou exatamente o que sempre pega, ou seja, nada. Como será que se constrói uma imagem de melhor goleiro do mundo sendo, no máximo, o melhor do Mato Grosso?
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Em dezembro do ano passado o Rogério foi o bicho papão da festa do Brasileirão 2007, onde a CBF premiou os melhores do campeonato. Levou o prêmio de melhor goleiro, melhor jogador e o escolhido pela torcida, como o craque do certame. Em 2006, ele também foi eleito o melhor goleiro e melhor jogador do campeonato.
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O Rogério Ceni é aquele cara que todo torcedor gostaria de ver em seu time. É ídolo, nascido e criado dentro do clube, nunca vestiu outra camisa, nem faz mais a menor questão de sair. (Já teve esse discurso, mas passou.) Possui inúmeras virtudes: é o melhor repositor de bola do mundo, exímio batedor de faltas e pênaltis (apesar de ser muito melhor em faltas do que em pênaltis), excelente noção tática, funcionando quase que como um quarto zagueiro de área, na cobertura do líbero, e antecipando lançamentos longos. (É o único time da história em que há cobertura de líbero.) Possui, também, uma característica fundamental para o seu sucesso: só falha seguidamente em jogos menos importantes, e tem muita sorte em jogos decisivos. Ou seja, o sujeito cresce quando o time precisa.
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E ele só tem um defeito: não é um bom goleiro. Sai mal, nenhum reflexo, não se atira para defender uma bola que ainda não foi chutada (coisa que o mestre Marcos ensinou o mundo a fazer e o Júlio César aprendeu perfeitamente), raras grandes defesas, toma muitos gols parado e olhando para a bola e, o pior de tudo, se ajoelha diante de um chute contra a sua própria meta. (Como fez hoje com o Alessandro, que agradeceu e bateu forte, por cima, mas a bola pegou no travessão.) Coisa que ele deve ter visto na televisão, achou bonito, diferente e resolveu copiar, protagonizando cenas ridículas. Ou seja, em todas as atividades que ele faz e que não são específicas de goleiro, ele é ótimo. E tudo aquilo que um goleiro tem que fazer, debaixo das traves, ele não faz. Portanto, afirmo com convicção: trata-se do melhor jogador de futebol do Brasil, disparado, desde a aposentadoria do Romário. Mas é o pior goleiro do Brasil, quando se compara as suas atuações com a certeza geral, ampla e irrestrita de que ele é uma exceção na arte de pegar a bola com as mãos, além da sua notória habilidade com os pés.
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Mas ele é um cara muito bem articulado, divulga uma perfeita imagem de pai, marido e profissional, é político e sereno. O ídolo perfeito que toda torcida e imprensa gostaria de cultuar. Assim, formou-se um grande acordão tácito: "é o melhor goleiro do Brasil". Tem cidadão honesto que diz, inclusive, que ele tem que ir para a Seleção Brasileira. Aliás, na minha época, só tinha frangueiro na seleção, até que veio o fenômeno Taffarel, e as coisas começaram a melhorar. Hoje temos vários goleiros brasileiros melhores que o são-paulino, alguns infinitamente melhores, como o Júlio César, e outros apenas um pouco melhores, como o Doni. Por exemplo, cinco goleiros agarraram muito mais do que ele, neste último campeonato brasileiro: Bruno, Felipe, Diego Cavalieri, Michel Alves e Sérvulo. Mas nenhum desses faz gol, está há 20 anos no seu clube, é exemplo social de pai de família e esposo dedicado, fala melhor que porta-voz da presidência da República, nem tem duas filhas gêmeas, lindas e loiras.
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O Rogério Ceni fez um bom campeonato brasileiro, levando em consideração apenas as suas funções como goleiro? Não sei. O que eu sei é que ele agarrou tanto quanto o Taffarel na Copa de 94. Desde a chegada do Muricy ao Morumbi, a vida do rapaz ficou uma beleza. Defesa sólida, bola que não chega. Se chutar, entra, mas nenhum time consegue chutar no gol do Ceni. Considerando os 7 jogadores do sistema defensivo da seleção do campeonato (1 goleiro, 2 zagueiros, 2 laterais e 2 volantes), dá para se ter uma idéia da revolução muricyana. Em 2006, eram 4 do São Paulo, entre os 7. Agora em 2007, são 5 em 7, além do Muricy Ramalho ter sido eleito o melhor técnico nos dois anos. Portanto, é fácil notar a gigantesca diferença entre a eficiência defensiva do Muricy e do resto do Brasil. Assim, o Rogerinho fica sem trabalho, e agradece.
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Na Europa também tem alguns brasileiros que fazem o Ceni corar de vergonha do seu desempenho debaixo do travessão: Júlio César, Doni, Hélton, Gomes e Rubinho. Chega-se, portanto, à marca de 10 goleiros brasileiros superiores ao "paulistano de coração". Assim, só tem uma forma de conseguir enfiar o quase-goleiro na camisa 1 da seleção: escalando o Júlio César na lateral esquerda, o Doni como zagueiro central, o Bruno de volante, o Hélton de centroavante...
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Veja abaixo "as dez maiores defesas do Brasileirão", segundo a Globo. Tem 9 milagres e uma defesa do Rogério Ceni, que o Cléber Machado achou "sensacional".
É constrangedor o abismo de dificuldade das 9 para a única que conseguiram achar do "melhor goleiro do Brasil".
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http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM763192-7824-N-AS+DEZ+DEFESAS+MAIS+BONITAS+DO+BRASILEIRAO,00.html
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Ansiosamente, espero a máscara cair.
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RESTA 1

Maracanã, 17 de Janeiro de 2008.
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TÁ CHEGANDO A HORA!
RESTA 1
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Desde o Big-Bang, o Fluminense é o líder de títulos do campeonato carioca, e nunca dividiu esta glória com ninguém. Como, apesar de seus cento e poucos anos de história, o tricolor nunca conseguiu um único título internacional (nem Taça Conmebol ele ganhou, o quase-título sul-americano), foi campeão nacional três míseras vezes em 50 anos de disputa e ainda não formou nenhum ídolo no esporte, restou a ele a exclusividade de ser o melhor da história do Rio, desde sempre. Quando eu comecei a entender o que era futebol, o Fluminense tinha 27 títulos cariocas, contra 21 do meu Mengão, 15 do Vasco e 14 do Botafogo. Eu cresci vendo o Fluzão não ser campeão de absolutamente nada, e, depois de 10 anos de longo jejum, o gol de umbigo do traidor deu o 28º título carioca pro tricolor. E, nessa época, o Flamengo tinha 23 títulos, o Vasco, 20 e o Botafogo, 16. Ou seja, os caras não existiram durante uma década e nem assim essa liderança foi ameaçada. Muito pelo contrário, a nossa distância tinha encurtado em apenas um título e o Vasco, que disputava o terceiro lugar com o Botafogo, disparava e encostava no Fla.
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Aquele gol de estômago deu nó nas minhas tripas. Estava claro que não só era quase impossível chegar ao Fluminense e seus trocentos cariocas, como a preocupação passou a ser o Vasco, que levara 5 títulos entre 87 e 94. Mas como o Mengão já tinha o penta, o mundo, Zizinho, Dida, Zico... Essas coisas ajudavam a esquecer a liderança doméstica do papai. Mas o tempo passou, o Fluminense não mudou e o Flamengo sim. Chegamos a 2008, 102 anos depois do primeiro campeonato carioca, do primeiro título tricolor e do início da história que parecia sem fim. Mas, depois daquela fria tarde do inverno de 1995, em que o ventre gaúcho tentou aprisionar os meu sonhos juvenis, a história mudou de direção. Em 12 campeonatos, foram 6 títulos do maior time do mundo, contra apenas 2 de cada um dos outros três times nessa disputa. Vasco e Botafogo ficaram muito pra trás e, hoje, a bundona do Fluzão aparece gigante diante do nosso nariz. Agora, só resta 1. E os deuses trabalham firme pelo trigésimo título rubro-negro e o triste fim da primeira, única e última glória tricolor. O Renato Gaúcho e seus fiéis seguidores têm longos 4 meses pra se vangloriar bastante de um feito centenário. Mas que, de repente, acabou.
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MENOS UMA MENTIRA PARA CONTAR

Maracanã, 17 de Janeiro de 2008.
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MENOS UMA MENTIRA NO MUNDO
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Eu sempre ouvi que a torcida do Flamengo só é grande porque todas as pessoas que não gostam de futebol dizem que são flamenguistas. A torcida arco-íris (e o resto do Brasil também) usa esse argumento para conseguir lidar com o rolo compressor que a massa rubro-negra se tornou. Infelizmente, agora esse pessoal vai ter que arrumar outra história para contar, porque o Datafolha acaba de divulgar a sua última pesquisa sobre torcidas no Brasil, com absurdos 11,8 mil entrevistados.
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Em primeiro lugar, é quase inacreditável que a torcida rubro-negra seja, aproximadamente, o DOBRO do total das torcidas do Vasco, Fluminense e Botafogo, somadas. O Flamengo tem 17% da preferência nacional e o arco-íris carioca soma ridículos 9%. Mas não é para isso que eu estou aqui. Voltando para o assunto desta mensagem, percebam: 84% dos rubro-negros têm interesse por futebol, empatando (tecnicamente) com Vasco (85%) e Botafogo (83%). Mas a torcidinha tricolor não vem no mesmo ritmo, ficando com 75%. E os paulistas também dão banho no Fluzinho: Santos (91%), São Paulo (88%), Palmeiras (87%) e Corinthians (84%) estão um degrau acima.
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Agora vem o melhor. Dos rubro-negros, 17% afirmaram não ter absolutamente nenhum interesse por esta porcaria de futebol. Vasco (15%) e Botafogo (17%) estão no mesmo nível. O Fluzão paga mico outra vez, com 25%. Ou seja, de cada quatro gays, um só vai ao Maracanã para ver show do Pet Shop Boys. E, para finalizar, a resposta absurda: "Não sei". Algumas pessoas disseram que não sabiam se tinham interesse por futebol. Você pode gostar, odiar, ser indiferente, mas não saber? Como assim não sabe? Bem, nenhum rubro-negro respondeu isso, óbvio! Nem corintiano, nem palmeirense, nem são-paulino. Mas o que teve de botafoguense e tricolor com essa dúvida...
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Podem comemorar a morte de mais uma mentira do mundo.
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AZAR DE TRICOLOR

Maracanã, 20 de Dezembro de 2007.
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Branco gelo
VALEU, BRANCO! É O FLUZÃO AJUDANDO UM IRMÃO!
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Resultado do sorteio do Branco, grande lateral esquerdo tricolor, dos grupos da primeira fase da Libertadores 2008:
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Pro Flamengo: ÓTIMO! Se deu bem pra caralho, sem nenhum time forte pra rivalizar. O Nacional tem tradição e o pior elenco da sua história e o Cienciano tem altura e mediocridade. Mengão se classifica em primeiro, mole mole. E quem acha que o Nacional é a segunda força do grupo não tem visto muito futebol.
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Pro São Paulo: BOM! Grupo bom pra paulistada, com uma toupeira paraguaia que vai virar saco de pancada e um colombiano que dificilmente vai dificultar. É provável que o São Paulo se classifique em primeiro lugar, com o Nacional de Medellín em segundo (é o melhor time colombiano).
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Pro Santos: COMPLICADO! Grupo complicadinho toda vida. Técnico novo, elenco novo, vida nova, início de trabalho e só paulada pela frente. Se o Leão não passar, não vou lamentar. Pega o Chivas (que ganha do São Paulo no Morumbi), Cúcuta (que atropelou todo mundo em 2007) e o San José (é porcaria, mas tem o morro pra subir).
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Pro Cruzeiro: BEM COMPLICADO! Pegou a "pré" mais difícil das 6, decidindo o confronto com o Cerro no Paraguai. Se passar, pega um grupo chatinho pra caramba, com o San Lorenzo e o Everest boliviano pra se preocupar.
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Pro Fluminense: ATÉ 2009! Nessa ele se fudeu; o Homem Branco de Gelo sorteou bem pra caralho. E o grupo ficou com duas vagas pra quatro times iguais: 25% de chances pra cada um.
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+
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Grupo 2: Pega-pra-capá do bom, com o Lanús, campeão argentino, duelando com o Estudiantes. E de sobra, o vice-campeão uruguaio Danubio, muito melhor que o Nacional de Montevidéu.
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Grupo 3: Como diz o Ancelmo, parece fácil pro Boca, e é. E, ainda pior, eles são, historicamente, muito melhores no mata-mata do que nos grupos. O jeito será torcer pro Riquelme amarelar contra o Brasil.
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Grupo 5: O River tá na merda. Pega um chileno e um mexicano (que vem sempre forte) e se ficar sem a vaga não será surpresa. Menos pelo grupo e mais pela mediocridade atual do time. E não tem a moleza do Botafogo pra pegar na Libertadores.
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IH, LIBERTADORES, QUALQUER DIA, RUMO AO BI!
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O CLUDE DOS TREZE DIVIDINDO ÁGUAS

Maracanã, 04 de Dezembro de 2007.
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À COPA UNIÃO, O RESPEITO QUE ELA MERECE
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Ontem à noite, como o bom senso recomendava, a CBF não entregou a taça das bolinhas ao São Paulo, legítimo pentacampeão brasileiro. Muita gente concorda com essa premiação, mas precisa saber o que significa defender que o Flamengo tem apenas 4 títulos nacionais e a Copa União de 1987 não foi um campeonato brasileiro, e sim uma outra coisa qualquer. A Copa União representa o fim da ditadura, no futebol, e o fim da ditadura no futebol. Quem declara o São Paulo o primeiro pentacampeão brasileiro tem que saber que está levando de brinde as idéias estapafúrdias de Médici, Geisel e Figueiredo, na condução do maior esporte nacional. Ou o sujeito dá à Copa União o valor que ela merece, ou então pode continuar dizendo que o Flamengo é tetra, e, assim, passa a equilibrar na cabeça o pacote completo da ingerência militar.
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O campeonato brasileiro foi uma invenção do Médici, que, aliás, adorava futebol. O Emílio promoveu a troca de treinador da Seleção em 1969, usou o tri-campeonato de 1970 muito bem e descobriu que um país como o Brasil não poderia não ter um Campeonato Brasileiro de Futebol. Em 1971, pegaram o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, mudaram de nome e criaram o 1º Brasileirão, realizando o desejo do senhor. Qual a diferença entre esses dois campeonatos, tirando o rótulo? Nenhuma. O regulamento do campeonato teve algumas mudanças, mas é bom lembrar que a primeira vez que um Brasileiro não teve mudança nenhuma de um ano para o outro foi agora, em 2007.
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Assim, a razão determina que o título do Fluminense em 1970 é tão brasileiro quanto o do Atlético Mineiro, de 1971. A CBF não reconhece essa conquista tricolor, apesar de nem existir naquela época. Durante a ditadura, o nosso título nacional foi amplamente utilizado para fins não esportivos (Vide a política utilizada em Brasília: "Onde a Arena vai mal, um time no Nacional!"). A CBD, que organizava a competição, não era boba de fazer cocô fora do penico e, assim, chegamos a ter quase 100 times disputando o campeonato, no fim dos anos 70. Os grandes clubes eram os mais prejudicados, tendo que enfrentar equipes semi-profissionais de vários estados sem nenhuma tradição no futebol, mas com deputados muito influentes.
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Em 1979, chegamos ao recorde de 94 times e 22 dos 24 estados brasileiros da época representados no Brasileirão. Tinha Rio Negro-AM, Itabaiana-SE, Guará-DF, Colatina-ES, Novo Hamburgo-RS, era uma festa! No fim de 1979, foi extinta a CBD e criada a CBF, que passou a organizar o campeonato em 1980. Como essa já era uma época menos intranqüila politicamente, com o Figueiredo cuidando dos seus cavalos, os grandes clubes aproveitaram a criação da CBF para pressioná-la por uma competição de verdade, e não um bando de times com regulamentos esdrúxulos (média de renda, por exemplo, chegou a ser critério de desempate).
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Ficou estabelecido que os campeonatos a partir de 1980 teriam 44 times (ainda um absurdo, mas bem melhor que os 94 de 1979), e havia critérios esportivos muito bem definidos (claro que, às vezes, desrespeitados, pois é devagar que se anda). Em 1986 ficou evidenciada a falência moral, técnica e financeira da CBF, de Nabi Abi Chedid e Octávio Pinto Guimarães, os euricos da época. Na prática, o campeonato desse ano teve 80 times e, cansados de convites escusos, manobras de bastidores e muito roubo, os maiores clubes brasileiros fundaram o Clube dos 13, em 1987, para pararem de subsidiar timecos de quinta categoria durante o Nacional. A revolta se deu após o fim da ditadura, já com Sarney no governo. A gente não precisava mais fingir que estava tudo bem.
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A Copa União de 1987 foi idealizada e organizada pelo Clube dos 13, um Campeonato Brasileiro com 16 times, fórmula simples e rentável, como na época em que não havia dedo do governo no futebol. O sucesso de público dessa competição mostrou que não inventar era uma excelente idéia. A CBF, alijada e constrangida, definiu, na quinta rodada do campeonato, que o campeão e vice da Copa União teriam que disputar um quadrangular com dois times do campeonato que sobrou para ela promover, o Módulo Amarelo. "Módulo Verde", aliás, é como a CBF resolveu chamar a Copa União, para criar mais 3 divisões, os Módulos Amarelo, Azul e Branco. Talvez ela achasse a Copa União a mais importante, para chamá-la de "Verde", a "primeira cor" da bandeira nacional.
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Obviamente, não houve o tal confronto e o resto da história todo mundo sabe. Infelizmente, o que não é divulgada é a importância dessa Copa na história do campeonato brasileiro. Depois da Revolta dos 13, oito estados brasileiros nunca mais conseguiram pôr um time no campeonato: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Piauí, Maranhão e Amazonas. E o Espírito Santo só disputou em 1993, com o inchaço promovido para subir o Grêmio para a primeira divisão. A média de times por ano até 1986 era de 50 times por campeonato. De 1987 para cá, estamos em 23 participantes por ano. Ou seja, em média, 27 times por ano foram excluídos da festa, por pura incompetência e incapacidade de disputar a primeira divisão. Cinco estados foram, num primeiro momento, excluídos: Santa Catarina, Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará. Mas seus principais clubes se organizaram e conseguiram voltar à elite em vários anos.
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O Brasil, enfim, copiava tudo o que deu certo nos grandes centros de futebol do mundo. Fez o seu campeonato realmente enxuto, apenas com os melhores, e resolveu os problemas da exclusão dos incompetentes exatamente como a Europa inteira faz, realizando grandes copas nacionais. Assim, em 1989 estava criada a Copa do Brasil, competição onde todos os grandes jogavam, e era quando vários mínimos clubes brasileiros tinham a chance de não sumir. Portugal, por exemplo, teve essa mesma idéia no fim dos anos 30 do século passado, já copiando o sucesso da fórmula utilizada pela Inglaterra, Alemanha e Itália.
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Em 1987, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Inter, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco prestaram um serviço eterno e imensurável ao futebol brasileiro. Tiraram, do mais importante campeonato do país, aqueles que entravam por critérios políticos, e não técnicos. E, assim, enterraram a ditadura militar. O atual sucesso em que vivemos foi construído em três tempos: (a) em 1959, com o primeiro campeonato nacional de clubes; (b) em 1987, com a Copa União e a exclusão da corja dos incompetentes e; (c) em 2003, com o turno e returno por pontos corridos, fórmula justa e definitiva e, principalmente, com o respeito às regras e o fim das intermináveis viradas de mesa, fazendo o Botafogo e o Palmeiras disputarem a segunda divisão e voltarem por méritos próprios e apenas esportivos.
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Eu escolhi ficar do lado da Copa União, do Flamengo e do futebol brasileiro nessa discussão. À quem prefere o Geisel, boa sorte.
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O POST FORA DO TEMPO

Sem data (deve ser o post fora do tempo).
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Nelson Rodrigues, o mais rubro-negro dos tricolores:
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"Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte: quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas tremem, então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."

IDENTIFICANDO O SANTO MILAGROSO

Maracanã, 23 de Novembro de 2007.
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O QUE FOI?
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Que milagres acontecem, todo mundo sabe, mas identificar o Santo Milagroso é o mais difícil. A questão é explicar o que gerou a absurda escalada do Flamengo à glória em que nos encontramos.
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Foram os jogos adiados?
Não há nenhum critério objetivo pra se avaliar esta questão. O fato é que o Joel Santana teve muitas vantagens por jogar vários jogos em casa e muito desgaste pela longa seqüência de partidas. E também é claro que o Ney Franco teve muita dificuldade em manter um desempenho razoável jogando apenas fora de casa e muito tempo pra trabalhar durante as várias semanas que teve sem jogos. O Ney não jogava em casa, fez 37% de aproveitamento de pontos fora do Rio e hoje esse desempenho o poria como 6º melhor fora de casa. Mesmo assim foi demitido.
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Foi o Joel Santana?
O Ney Franco teve aproveitamento de 33% em 12 jogos no Brasileiro e o Joel tem 64% em 24. Ou seja, o dobro de aproveitamento no dobro de partidas. Dos 58 pontos do Flamengo, 12 são do Ney e 46 do Natalino. Portanto, está clara a mudança ocorrida com o Joel, mas ela não explica tudo, pois nos 2 primeiros meses de trabalho dele o time teve um desempenho muito irregular e conseguiu apenas 1 ponto em 15 disputados fora de casa. Deu até saudade do Ney Franco.
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Foi o Maracanã?
O aproveitamento no estádio é de impressionantes 70%, abaixo apenas do São Paulo no Morumbi e do Grêmio no Olímpico. Mas aí é que está a questão. Se perdemos pro Grêmio nesse quesito, estamos na frente deles por outro motivo qualquer, além da nossa capacidade de jogar bem em casa. Por exemplo, antes do Pan o Flamengo jogou 3 vezes no Maracanã e conseguiu míseros 2 pontos, com 22% de aproveitamento. É número pra brigar com o América Potiguar.
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Foram os jogadores contratados?
É decisiva a participação de alguns jogadores contratados no meio do ano. Chegaram e viraram titular imediatamente Fábio Luciano, Cristian, Ibson, Roger e Maxi (meio time). O Roger logo perdeu a vaga, o Maxi depois. Mas os 3 primeiros continuam jogando muito. Mas há um porém, contando os jogos a partir da estréia de cada um, vemos que o time não depende de ninguém especificamente. O Fábio Luciano ficou de fora de 2 jogos e o Flamengo conseguiu 2 vitórias, o Ibson não atuou em 4 partidas (com 2 vitórias e 2 empates), o Roger não jogou 12 (e fizemos 24 pontos sem ele) e conseguimos 50% de aproveitamento nos 8 jogos sem o Maxi. Apenas o Cristian é um caso à parte. O time fez 50 pontos nos 25 jogos em que ele esteve em campo e levou duas porradas quando ele não jogou (Atlético-PR 2x0 e Inter 3x0). Mas outros jogadores que já estavam no clube têm índices altos também, como (pela ordem de desempenho) Léo Moura, Ronaldo Angelim, Bruno, Souza e Toró, todos com o time tendo um aproveitamento de pontos muito maior com eles em campo do que fora (coisa que, dos novatos, só o Cristian e o Maxi têm, e este último em menor grau).
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Então, meu Deus, o que foi que aconteceu?
O craque do Brasileirão estava do nosso lado. Aliás, nós somos ele. Segundo um comentarista do Arena Sportv que eu não tenho a menor idéia de como se chama, o craque do Brasileirão 2007 é a torcida do Flamengo. Por dois motivos: em primeiro lugar pelo fato de nenhum jogador ter se destacado muito em relação aos outros que tiveram boas atuações ao longo do campeonato; e em segundo lugar porque ele nunca viu uma torcida ganhar tantos jogos como a do Flamengo ganhou nos últimos 3 meses. E eu digo mais. A arrancada final rubro-negra teve data, hora e local pra acontecer. No dia 29 de setembro às 19h estávamos todos no Maracanã no intervalo de Flamengo 0x0 Atlético-MG, jogo murrinha pra caramba, e foi quando eu vi pela primeira vez uma torcida cantar durante todo o intervalo de um jogo 0 a 0, 20 minutos seguidos na mesma música, sem parar.
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Era o início do "Eu sempre te amarei". Talvez quiséssemos apenas incorporá-la, ou então estávamos querendo pôr o dedo no nosso futuro. De uma forma ou de outra, deu certo. Desde a chegada do Joel Santana até aquela noite o Flamengo fingia mas não ia, acumulando 52% de aproveitamento dos pontos disputados e média de público de 35 mil no Maracanã. Coisa muito melhor que os 33% do Franco (com 12 mil de média, uma pequena vergonha), mas que apenas nos daria, com muita sorte, uma vaguinha na rabeira da Sul-Americana. Depois daquele canto ininterrupto, com os jogadores indo e voltando do vestiário ouvindo a mesma coisa, o leão Cristian fez o seu único gol no campeonato, nos deu a vitória e o início do tiro final. Desde aquele dia o Flamengo jogou 10 vezes, com 8 triunfos e 80% de aproveitamento, coisa que nem o São Paulo sonha fazer. E a média de público no Maraca, que de 12 passara pra 35 mil com a chegada do Joel, desde aquele intervalo santo está em 61 mil pagantes.
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Como, felizmente, os números não sabem mentir, está aí a prova matemática de que o milagre não foi proporcionado pelo Papai Joel nem pelo Ibson ou Fábio Luciano, Cristian, Léo Moura, Bruno, Márcio Braga, Kléber Leite, jogos adiados ou simplesmente a volta ao Maracanã. O milagre começou no nosso berro, naquela noite. E desde então a gente ganha de qualquer um apenas no grito. E que Deus tenha piedade da próxima vítima, o Atlético-PR.
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O NOVO ANJO DE PERNAS TORTAS

Maracanã, 16 de Novembro de 2007.
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IRINEU E O NOSSO MILAGRE
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No fim de julho desse ano, num domingo, eu, meu pai, minha irmã e o Irineu estávamos em Porto Alegre. Não o encontrei nem pude vê-lo tentar cortar com o calcanhar um escanteio batido pelo Tcheco no início do segundo tempo de Grêmio x Flamengo. Não sei se há outro caso na história do futebol de um zagueiro tentar, com o calcanhar e dentro da pequena área, cortar um cruzamento. Talvez haja ou talvez o Irineu seja um inovador. Mas o fato é que naquela hora a sua invenção fez com que ele parecesse uma cansada galinha voadora, errando o corte com a direita e fazendo com que a bola pegasse em sua perna esquerda e entrasse na própria meta.
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Estava feito o gol mais ridículo do ano.
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O golaço do Irineu gerou muitas coisas. A principal delas foi que ele pôs o Flamengo na lanterna do campeonato. E quando o Flamengo ocupa o último posto de qualquer competição até porteiro de entrada lateral da Gávea é culpado de alguma coisa. No Flamengo é assim. E aquele gol determinou a demissão do Ney Franco, porque na Gávea técnico nenhum resiste à 20ª posição. Essa demissão não foi imediata porque não é fácil demitir um técnico com dois títulos em 1 ano de trabalho. Nos dois jogos seguintes do Ney ele venceu o América em Juiz de Fora e empatou com o Corinthians no Morumbi. Alguém pode ser demitido por esses dois resultados?
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Claro que não. Mas, como eu disse, ninguém resiste a um gol contra de uma galinha morta que põe o Flamengo na lanterninha do Brasileirão. Só hoje podemos ver a bênção que foi aquele ato divino do Irineu. Ali morreu o Ney Franco, técnico de time pequeno, e ali morreram os seus indicados. A nossa sorte estava selada e sabemos bem que a história que se seguiu à demissão do mineirinho é cheia de graça.
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Veio o Joel Milagroso, com ele o Maracanã, a maior torcida do mundo e jogadores bem melhores que os filhotes do Franco, como os seus indicados mineiros e idênticos zagueiros inventores Thiago Gosling, Moisés e o nosso Irineu, que tiveram que encontrar outro clube pra não jogar bola.
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Graças às pernas tortas do anjo Irineu o Flamengo está hoje a dois passos do paraíso, um no Rio e outro em Recife. E a minha dívida de gratidão será eterna.
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BENDITO CALVÁRIO TRICOLOR

Maracanã, 14 de Novembro de 2007.
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É hora de relembrar!
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COMO O FLUMINENSE (NÃO) FOI REBAIXADO EM 1996
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O rebaixamento tricolor em 1996 se deve a dois fatos ocorridos no biênio 1995-96: o gol de barriga do Renato Gaúcho e a paulada na cabeça do Ricardo Pinto.
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Quando aquela bola vinda do umbigo do Renato entrou na meta rubro-negra e nos tirou o título no ano do nosso centenário, o eterno técnico da Gávea, o violino rubro-negro Carlinhos, disse que o Fluminense merecia "10 anos de sofrimento" por aquilo que eles tinham acabado de fazer. Seis meses depois o Fluminense ganhou de 4x1 do Santos no Maracanã e ainda assim conseguiu perder, em São Paulo, a vaga na final do Brasileiro. Começava ali o calvário tricolor. Os três anos seguintes foram os piores desde a sua fundação, com tri-rebaixamento. Em 2000 teve virada de mesa e volta à elite pela janela. E até hoje a sua torcida tem que ouvir os gritos de "Terceira Divisão", no Maracanã. O Fluminense fez dois belos Brasileirões em 2000 e 2001, mas não ganhou nada, levou um Caixão em 2002 e perdeu a final do carioca em 2003, se tornando o "vice do vice". Os 10 anos da praga do Carlinhos acabaram em 2005 nos 3x1 em cima do Volta Redonda, sob a minha bênção. Como eu sabia que o prazo estava acabado, fui ao Maracanã torcer e ver o Fluminense voltar a ser campeão depois de uma década de jejum. Fui porque tenho a plena convicção de que a conta daquele umbigo chegou muita alta nas Laranjeiras, mas foi paga integralmente. E o Carlinhos ensinou que um dia de sofrimento rubro-negro custa 10 anos de depressão tricolor.
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Quando a torcida tricolor invadiu o campo nas Laranjeiras e deu de presente um traumatismo craniano pro goleiro atleticano Ricardo Pinto, levou de brinde a sua própria cova. Estava assim construída e bem acabada a forma pra concretização da profecia, a segunda perna do rebaixamento. Na última rodada do campeonato o Fluminense venceu o Vitória e ficou a dois passos do paraíso. Apenas duas vitórias (ambas fora de casa) do Bahia e do Criciúma rebaixariam o Fluminense. Se apenas um dos dois empatassem o Tricolor se salvaria. Só que o acaso foi cruel: pôs o Flamengo pra receber o Bahia e o Atlético-PR como anfitrião do Criciúma. Em São Januário e no Joaquim Américo as duas torcidas rubro-negras, juntas, gritavam "Entrega!" pros seus jogadores e comemoravam os gols dos "adversários". Realmente, assim fica difícil. As contribuições rubro-negras, na verdade, foram além: o Flamengo pegou os três ameaçados de rebaixamento nas três últimas rodadas, venceu o Fluminense e perdeu pro Criciúma e pro Bahia, no jogo em que o goleiro reserva Fábio Noronha foi escalado, o volante Fabiano arrumou uma expulsão no início do 1º tempo e o lateral Fábio Baiano também conseguiu ser expulso. E o Atlético passou o campeonato inteiro invicto em casa, mas fez questão de perder o último jogo.
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Mas é sempre bom lembrar que o Fluminense não foi rebaixado em 1996 e disputou normalmente o Brasileirão 97, numa manobra euriquiana regada à champanhe.
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HEXA-CAMPEÃO BRASILEIRO

Maracanã, 05 de Outubro de 2007.
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FLAMENGO HEXA-CAMPEÃO BRASILEIRO
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1980 - 1982 - 1983 - 1987 - 1992 - 2007
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Depois do empate em São Paulo por 0 a 0, o Flamengo acaba de se consagrar hexa-campeão brasileiro com a vitória sobre o mesmo São Paulo por 1 a 0, no Maracanã. Quem leva 4 pontos do líder disparado invicto todo poderoso fodão que não perde nem toma gol tem que ser declarado campeão.
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(Parece que quem não perde nem toma gol é o Flamengo em jogos contra o São Paulo.)
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EGO GRANDE SÓ DÁ EM GENTE PEQUENA

Maracanã, 04 de Maio de 2007.
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PAULISTA BABACA
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O Juninho Paulista é um cara esperto. Pensa na sua carreira e no seu sucesso profissional antes de qualquer coisa. Talvez antes de sua família, talvez não. Agüentou muito tempo no Flamengo, calado e treinando sem jogar. Ou jogando pelo time reserva ou apenas em um tempo. Quase sempre preterido. Mas a sua paciência terminou.
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No último domingo, ao ver o Léo Lima tirando o colete pra entrar no segundo tempo do jogo com o Botafogo, o Juninho Paulista perdeu o que restava de sua paciência. Ali ele viu que o seu espaço na Gávea era ainda menor do que ele imaginava. E decidiu, naquele segundo, que não ficaria mais no Flamengo se não fosse titular.
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Se fosse um sujeito ético, honesto ou as duas coisas, pediria ao seu procurador pra tentar uma rescisão de contrato o quanto antes. E assim estaria livre pra tentar outros clubes pro campeonato brasileiro. Achar um lugar onde ele pudesse jogar. Aliás, que o Juninho queira jogar bola, é perfeitamente compreensível.
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O que é lamentável é ver um sujeitinho destes pegar um punhado de cocô na mão esquerda (a ruim) e jogar no ventilador. E, de preferência, de cara pra imprensa. A conversa que ele teve com o Ney Franco antes do jogo de quarta foi no campo, não no vestiário. Pediu e levou uma vaga. Não fez nada, perdeu a bola no lance do primeiro gol e foi sacado no intervalo.
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E aí o juninho teve a mais fantástica idéia da sua carreira. Já que não tinha mais espaço nenhum, promoveu uma atitude limite, irresponsável, de moleque. quis ir embora imediatamente pra ter tempo de acertar logo com alguém. E, para isso, nada melhor do que gerar uma crise num clube que ele não vai mais defender.
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Ingratidão é pouco pra um sujeito merda que nem este filha da puta. Quero mais é que ele se foda e bem longe da Gávea. Eu respeito todas as opiniões dele. Mas querer afundar um barco só porque se está de saída nem o Edmundo faz. Seremos no domingo campeões cariocas pela 29ª vez. E este título será de todos nós.
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Mas não do Juninho. Porque nem o Eurico trabalhou tanto pelo naufrágio rubro-negro.
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