sábado, 14 de junho de 2008

SEREMOS CAMPEÕES?

POR QUE SEREMOS HEXA CAMPEÕES BRASILEIROS?
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O Flamengo manterá, nesse ano, a sua monótona hegemonia em campeonatos nacionais. Há 25 temporadas o Flamengo é o maior vencedor de títulos brasileiros, e quase sempre sozinho na liderança. Por alguns motivos continuaremos com essa marra: o Caio Júnior apresenta o seu trabalho e tem estrela (outra coisa: é bom lembrar do Cláudio Coutinho em 1980, Carpegiani em 1982, Carpegiani, Carlinhos, Cléber Camerino e Carlos Alberto Torres em 1983 e Carlinhos em 1987 e 1992), o elenco é infinitamente superior ao resto do Brasil, a janela de transferência também assusta os principais concorrentes, enfim, tudo vai muito bem, obrigado. Mas tem um motivo específico que faz a diferença: o Flamengo conquistará o hexa porque será o único dos 20 times que jogará 38 jogos pensando no título. O discurso não é esse. O técnico dissimula, o vice dissimula, os jogadores dissimulam. Mas a projeção feita pela comissão técnica, principalmente Caio e Isaías, mostra o que o Flamengo veio fazer nesse campeonato.
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A derrota pro América fez com que o campeonato brasileiro, pro Flamengo, começasse na primeira rodada, ao contrário de Fluminense, Vasco, Botafogo, São Paulo, Santos, Inter e Sport. Jogar 3, 4 ou 5 rodadas a mais que seus concorrentes diretos pode, claramente, significar ser ou não campeão. Ou seja, jogaremos os 38 jogos, enquanto tem time que jogará 30, no máximo. Sempre pensando no título porque as contas apresentadas na Gávea mostram isso. O campeonato foi dividido em 5 blocos: 4 com 8 jogos cada, e 6 no último bloco, o sprint final. As taxas de aproveitamento esperadas são de 83% pros jogos em casa e 50%, fora.
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No ano passado, tivemos o melhor desempenho em casa (79%), acima do São Paulo, vice nesse quesito (contando os jogos em casa, e não jogos como mandante, como muitos fazem). Com o Joel, tivemos absurdos 94%. Assim, o Caio espera um desempenho um pouco acima do ano passado, mas bem abaixo do que o Joel conseguiu, o que mostra o respeito ao nosso milagre. Mas o que importa é que não precisamos daquilo de novo pra sermos campeões. Esses aproveitamentos apresentados por eles indicam 76 pontos ao final do campeonato, mas provavelmente não precisaremos disso tudo pra levantarmos a nossa sexta taça. Em relação aos jogos fora, isso é algo pra ser analisado, pois o Flamengo ainda não pisou firme nesse terreno pra lá de ardiloso, com apenas um jogo fora, nessas seis primeiras rodadas. Vendo o desempenho geral, não penso que repetiremos nesse ano a nossa notória incapacidade fora do Maior do Mundo.
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Mas, mesmo assim, 50% fora é muita coisa. Ano passado fomos Bronze com 29% fora. O primeiro lugar foi o São Paulo, com 63%, mas o Flu, vice-fora, ficou com apenas 46% dos pontos disputados. Ou seja, o desempenho são-paulino motiva, pois temos time pra isso, mas é bom ver que ganhar fora como se ganha em casa é tarefa muito mais inglória do que parece. O São Paulo venceu o Santos, na Vila, o Cruzeiro, no Mineirão, o Grêmio, no Olímpico, o líder Botafogo (em ap.), no Maracanã, o Palmeiras, no Parque Antártica, o Vasco, em São Januário, o Inter, no Beira-Rio e o Sport, na Ilha. Fora os pequenos em seus estádios ainda menores.
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O Flamengo precisa fazer isso pra ser campeão? Claro que não. Um aproveitamento que se mantenha acima dos 40%, em todo o campeonato, basta pro hexa. Foi o que fizeram, no ano passado, Fluminense, Santos, Palmeiras e Cruzeiro. Como vocês podem se lembrar, nada de outro mundo, apenas, na média, 1 vitória, 2 empates e 1 derrota, a cada 4 jogos. E não 2 vitórias em 4 jogos, como quer o Caio. Parece pouco, mas em 8 meses, essa diferença se torna gritante. Com 40-45% fora e o nosso desempenho padrão no Maracanã, seremos campeões. Vale lembrar que na conta oficial da Gávea não há clássicos, apenas casa-fora. Mas jogaremos, entre mandantes e clássicos, 21 jogos no Maraca. E, dos 16 jogos fora do Rio, 12 serão em Porto Alegre, Curitiba, Santos, São Paulo, Belo Horizonte e Recife, onde as coisas são sempre muito complicadas.
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Isso não é uma crítica. É só um monte de números pra sabermos como estamos muito acima do que poderíamos imaginar, pós-Libertadores. Quando o Caio diz que quer esses aproveitamentos, ele está dizendo, implicitamente, que o objetivo não é a Libertadores, ele afirma - sem precisar chocar jornalistas nem adversários com palavras fortes - que a nossa meta atual é ser campeão, e nada aquém disso. É claro que a imprensa não enxerga. Mas nós já percebemos há um bom tempo o que planejam os homens-forte da Gávea. Repetindo o bom e velho grito do grande ano de 1981: "Queremos seis!"
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