terça-feira, 29 de julho de 2008

FLAMENGO 0x0 BOTAFOGO

O ARTILHEIRO DO PRIMEIRO TEMPO
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Quando o Marcinho foi vendido, li na internet várias manifestações públicas de desdém em relação ao sucesso dele na Gávea. Muitos viam a perda da cria Renato Augusto como algo muito pior: “Foi embora o maluco, e que vá com Deus!”. Eu achei estranho. Os jogos que eu via eram bem diferentes daqueles analisados na rede. Nos meus, o Marcinho era indispensável. O sucesso do Flamengo, líder isolado, se dava, principalmente, ao tripé formado pela extensa muralha defensiva, dois meias de rara habilidade - Juan e Léo Moura, nessa ordem - e, pra fechar, o Artilheiro do Primeiro Tempo. O primeiro jogador que eu vi, na minha vida, que só jogava meia pelada. Acabava com o jogo antes do intervalo e depois ficava passeando pelo gramado até ser substituído. Saía, sempre, aplaudido – mesmo nas poucas vezes em que não meteu gol.
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Vamos às contas. O Marcinho foi vendido às vésperas do jogo contra o Coritiba, na 12ª rodada. Portanto, com ele no elenco, o Flamengo jogou 11 vezes no Brasileirão. Pois bem, o maluco foi titular nas 11 partidas e fez 7 gols. A média é excelente, mas ela não mostra o mais importante: 6 gols no 1º tempo e 1 gol aos 5 minutos do 2º. Na estréia sem torcida, jogo aparentemente fácil contra os reservas do Santos, o Marcinho fez 1x0 e tornou a brincadeira fácil de verdade. Contra o Inter, voltando do intervalo perdendo de 1x0, o Marcinho empatou aos 5 do 2º tempo, abrindo o caminho pra virada e impulsionando a massa rubro-negra, que vaiara até o placar eletrônico no 1º tempo. Contra o Figueirense, o doido começou os trabalhos aos 2 minutos da etapa inicial (e eu não vi, pois entrei atrasado). No intervalo, 4x0, com 3 do louco varrido.
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E, pra finalizar, o comentário do Mestre Martins, sobre a simbologia do gol do Marcinho, no início do jogo contra o Atlético, no Mineirão, quando ele foi lançado, partiu pra bola, bocejou, cortou o zagueiro, coçou a bunda, e bateu de esquerda – a perna ruim –, pra fazer 1x0 e sair andando, ajeitando as calças. O Marcinho faz 1x0 no Galo, no Mineirão, com 16 minutos de jogo, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Parecia simples. Bem fácil até.
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Talvez tenha demorado um pouquinho, mas agora, depois de 2 gols com a mão em 4 jogos sem o Marcinho (e 2 pontos conquistados em 12 possíveis), tenho a impressão de que a gratidão ao doidinho está ficando do tamanho do que ele fez pelo Flamengo. Contra o Botafogo, a sua ausência foi, mais uma vez, doída. Quando o Flamengo joga mais, o time pressiona, encurrala e nada acontece. Eu quero saber qual jogador faz 6 gols em 11 tempos, com média superior a um gol por partida. Ou seja, o Marcinho apenas fazia aquilo que ninguém no Flamengo faz e, ainda por cima, no momento mais importante do jogo. Principalmente no Maracanã, onde todos os times brasileiros sabem que vale tudo, menos tomar gol logo no início e, assim, deixar a Massa Rubro-Negra entrar em campo. Ou, como disse o grandioso poeta Vanderlei Luxemburgo, no fim do ano passado, no Maracanã: “Só não pode deixar o monstro acordar!”. Pois é, venderam o nosso despertador.